quarta-feira, março 15, 2006

Noite

Vem para mim noite
Quero mergulhar na tua escuridão
O teu silêncio
A tua solidão...
Leva de novo esta luz
Que queima os meus olhos
E revela os contornos
Que quero esconder
Eu quero-me esconder...
Abraça-me
Assim como a mãe
Que protege a sua cria
E leva este dia
Vazio como tantos outros...
Frio como tantos outros...
Apenas mais um como tantos outros...

segunda-feira, março 13, 2006

Simplicidade

Eu adoro a simplicidade
O preto e o branco
Ficar aqui num canto
A sorrir sozinho enquanto recordo
Aqueles dias de Verão
Em que brincava no rio
Mergulhava na água gelada
Alheio ao frio
Sem preocupações com nada
A vida era tão simples
Como os sorrisos de criança...
Não percebo o porquê da mudança...
O rio secou
A vida mudou
Os sorrisos verdadeiros da minha infância
Deram lugar á falsidade da minha vivência
E nunca mais voltei a mergulhar
Nunca mais voltei a brincar
Nunca mais voltei a brincar...

quinta-feira, março 09, 2006

continuo a seguir em frente

Outros talvez tenham
Amor, amizade, companhia
Eu apenas tenho a luz da lua
Para iluminar a noite fria
Alguns talvez consigam
Cantar, dançar, sorrir
Eu nem sequer consigo
Fechar os olhos e dormir...
Vou mentindo a mim próprio
Tentando acreditar que nada está mal
Com a inconsciência consciente
Que é um princípio fatal
E me conduz ao abismo
Profundo cataclismo..
O caos na minha mente
Mesmo com medo de cair
Sigo em frente
Apesar de tudo sigo em frente...

quarta-feira, março 08, 2006

Não sou nada

Eu adoro o silêncio
O som da chuva no telhado
O soprar do vento
A solidão deste momento
O facto de ninguém saber que existo
Estar deitado na minha cama fria
Ver a luz a surgir na janela
Ao nascer outro dia
E sonhar... e sonhar...
A toda a hora e momento
Sem barreiras de espaço
Sem condicionantes de tempo
Eu sou mesmo assim
Um conjunto vazio
O sopro que apaga a vela acesa
Sou insignificante
Sou essencial
Bom e mau
Forte e fraco
Tudo o que amas e odeias
Tudo o que veneras e abominas
Tudo aquilo que procuras
Tudo aquilo de que foges
Eu sou tudo
Eu não sou nada...
Eu não sou nada...
Eu não sou nada...

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Perdido

Quebrei
Na fugacidade de um momento
Um sentimento surrealista
Que despertou por dentro…
Fiquei hipnotizado
Pela magia de um olhar
Um sorriso mais que perfeito
Impossível de ignorar…
Perdi o controlo
Sobre o meu corpo
Sobre a minha vontade
Sobre a minha atenção
Segui cada um dos seus passos
Cada movimento
Cada palavra
Cada gesto
Cada expressão …
Como se por instantes
Nada mais em volta fizesse sentido…
Apenas o brilho daquele olhar
Em que adoraria ficar perdido…

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

mar de descontentamento

Noite que me abraça
E cobre o meu mundo de negro
A escuridão que tranquiliza
E me traz o sossego…
O silêncio do nada
Em que busco a paz
E ganho forças
Para seguir em frente
Sem olhar para trás…
Levanto-me a cada dia
Cada vez mais saturado
Fraco e exausto
Extremamente cansado…
Mas vou sobrevivendo
Resistindo ao sofrimento
Lutando para não me afogar
Neste mar de descontentamento

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Só mais uma vez

Espero por dias melhores
O acalmar da tempestade
O renascer do sol
E com ele a vontade
De continuar
De lutar
De levantar a âncora
E zarpar
Para outra realidade
A aniquilação da dor
Quero liberdade
Quero calor...
Quero muito mais
Quero recomeçar mais uma vez
Quero acreditar mais uma vez
Só mais uma vez...

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

maldição

Tudo é solidão
Neste momento de tempo vazio
O silêncio dos inocentes
Onde eternamente me refugio
A minha mente é habitada
Por uma luz sombria
Ideias que me mantêm acordado
Em cada noite a tornar-se dia...
Vou somando maus momentos
Como um fardo, uma maldição
O fogo que queima por dentro
Destroi sem piedade e razão...
E fica em mim esta dor
Perco a vontade de continuar
Acordo a cada dia mais fraco
Vou morrendo devagar...

domingo, janeiro 22, 2006

simple kind of life

Pelo passado abdiquei de amar
Resguardo-me num escudo protector
Onde ninguém consegue entrar
Onde ninguém me causa dor…
Fui ficando cada vez mais sozinho
Escolhi a luz da lua para me acompanhar
Nunca peço indicações sobre o caminho
Nem qual a direcção a tomar...

Hoje posso estar bem
Amanhã posso estar mal
Nunca culpo ninguém
Continuo a sorrir de forma natural...
Simples e solitária a minha forma de viver
Distribuo amor sem criar elos de ligação
Se tiver de partir ninguém irá sofrer
Se alguém partir não surgirá em mim a desilusão…

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Sonhos

A noite é escura, o tempo frio
A solidão inunda a minha alma sem piedade
Ouço ruídos estranhos num eco vazio
Mistura de silêncio com ansiedade
Preso num portal de dor e sofrimento
Procurando ocultar cada canto obscuro do meu ser
Perdido numa dimensão de espaço sem tempo
Inundado do arrependimento de me arrepender…
Palavras que ferem como facas
Forjadas no calor de uma revolta sem sentido
Ardem em esperanças vãs, como beatas
Desaparece no ar o motivo…
E aí surges tu anjo negro
Sem dor, sem tristeza, sem medo
E eu fico apenas contemplando o teu olhar
Sem palavras, sem gestos, sem avançar
Sem querer mais do que me queres dar
Sem vontade de voltar a acordar…

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Uma noite, uma história...

Tudo estava calmo, silencioso, a noite caía em volta e cobria o meu mundo com um manto negro como a minha alma… vagueava pelas ruas como uma sombra.
Esgotado, queimado pela vodka, sentei-me num banco de jardim perto da paragem de autocarro deserta, sozinho, triste, carente. Nos meus ouvidos ainda ecoavam as tuas palavras, na minha mente ainda via a imagem da tua despedida. Uma chuva mágica surgiu naquele momento de angústia, as gotas de água acariciavam a minha face como as mãos de anjos, e chorei, as lágrimas escorriam agora pelo meu rosto e camuflavam-se num chão cada vez mais molhado. Deitei-me para o lado e adormeci, ia já longo o meu sono quando sonhei contigo, no meu sonho tudo continuava perfeito, no meu sonho ainda continuávamos na minha cama abraçados, ainda continuavas a morder-me a orelha e a dizer que ficaríamos juntos para sempre, ainda continuávamos a fazer amor como da primeira vez…
De repente um estrondo surgiu, acordei sobressaltado, era o autocarro das 6, levantei-me, entrei sem sequer perguntar para onde ia, deixei o meu carro por aí, mas isso pouco importava naquele momento, só queria voltar a casa, adormecer e puder sonhar, para estar contigo outra vez…